EITO que ressoa no meu sanguesangue do meu bisavô pinga de tua foicefoice da tua violação ainda corta o grito de minha avó LEITO de sangue negroemudecido no espanto clamor de tragédia não esquecida crime não punido nem perdoadoqueimam minhas entranhasPEITO pesado ao peso da madrugada de chumboorvalho de fel amargoorvalhando os passos de minha mãena oferta compulsória • Read More »
Ó Exu ao bruxoleio das velas vejo-te comer a própria mãe vertendo o sangue negro que a teu sangue branco enegrece ao sangue vermelho aquece nas veias humanas no corrimento menstrual à encruzilhada dos teus três sangues deposito este ebó preparado para ti Tu me ofereces? não recuso provar do teu mel cheirando meia-noite de • Read More »
Amor em Saudade desatado de carência física embotadoAmor de amor pleno tranbordante música pungente latejanteLateja amor as têmporas as taclas teclam amor agudo punhal inclemente apunhalando a dorDor do desamor que não é meu nem teu meu é o bemquerer que não morreu associado partilhado na partilha do que • Read More »
(Para meus netos Samora, Alan e Henrique Alberto)Ao espelho te vejo negrinhote reconheço garoto negrovivemos a mesma infânciaa melancolia partilhada do teu profundo olharera a senha e a contra-senhaidentificando nosso destinoconfraria dos humilhadosa povoar de terna lembrançaesta minha evocação de FrancaÉramos um só olharnos papagaios empinadosao sopro fresco do entardecerNegrinho garota negravivemos a mesma infâncianos • Read More »
Corre o sangue nas veiasRola rola o grão das areiasSó não corre só não rola a esperançaDo negro órfão que corre e cansaCansa do eito corre das correntesCorre e cansa do bote das serpentesSó não corre só não cansa de amarO amor da Mãe – África no além–marAlém–mar das águas e da alegriaMar–além do axé • Read More »
Em meu peito vazio de despeito Oxum fincou o seu ixésou o peixe mergulhadono canto do pássaro odidêpousado na folha da vidatrinando a ternuraque aconchega a criançaÓ peixe dourado que vais nadandoos dias e as noites da minha sorteemblema de Oxum me levandoáguas de Oxalá me lavandono banho lustral da minha morteExisto em minha natureza Orilevedado • Read More »
(Para Yemanjá – no seu décimo aniversário)Era uma vez uma rosa que não era vegetal nem rosa mineralcarecia até da cor de rosaera uma gata formosanegra amarela e brancosairrequietamente caprichosavestida de suave pêlo multicorBichana terrivelmente amorosados laços dos seus encantosnenhum gato jamais se livrou pelos telhados miava dengosasuspirava a noite inteira seduzindo namoradeiratoda a gataria aoluar da lua alcoviteiraCerto • Read More »